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A linguagem do Natal

Expressões Natalinas

 Por Ari Riboldi*

Aproxima-se o Natal. Período de encontro, fraternidade, reconciliação, troca de presentes, reflexão e muita festa. De minha parte, vou contar a história de algumas expressões que marcam e registram as principais datas e celebrações deste tempo. É o meu singelo presente. Espero que o apreciem e que seja do agrado de todos.   

Em tempo de Natal, todo lobo vira cordeiro

O perído natalino, com a celebração do nascimento do menino Jesus, torna os corações mais sensíveis, tolerantes, menos empedernidos. Algumas pessoas delas, de má índole ou egoístas, tendem a sensibilizar-se com a mensagem natalina, são capazes de perdoar, de rever certos atos hostis aos demais. Enfim deixam-se tomar pelo espírito divino da Boa Nova, tornam-se caridosas, compreensivas e capazes de levar a alegria a quem, antes, davam motivos de tristeza. Assumem a condição de mansos cordeiros, abandonando, nem que seja momentaneamente, o papel de vorazes lobos.

Peru de festa 

Indivíduo que vai demasiadamente a festas e divertimentos. Marca presença em todas as festanças, com frio ou calor, de noite ou de dia, na chuva ou no sol, com convite ou sem convite. 
O peru (a ave) também marca presença em banquetes, como prato altamente apreciado. Ganhou ar sofisticado e maior valor comercial, graças aos avanços da genética e da forma sofisticada de tratamento e alimentação. Por isso, não comparece a qualquer festa. Nos ambientes mais simples e populares, deixa o seu espaço para a galinha com farofa. Em síntese, o sujeito chamado de peru de festa garante a sua presença em qualquer festa e divertimento, o que, porém, não ocorre com a ave que lhe inspira e empresta o nome, pelas razões de ordem econômica já expostas.

Quem morre de véspera é peru de Natal

No sentido literal, o peru é abatido antes do Natal, para ser previamente preparado. Faz parte da tradicional ceia de Natal. Aplica-se também, no sentido figurado, a quem desiste antes de começar uma atividade, a quem se manifesta derrotado antes mesmo do momento da luta, do embate. Em outras palavras, significa dizer que ninguém deve abandonar atividade, mesmo que lhe pareça com dificuldades intransponíveis. Quem desiste de algo faz o mesmo papel do peru: morre na véspera, para a alegria dos demais.
 
Vaquinha de presépio

Diz-se de pessoa que é apenas figura ilustrativa, sem voz ativa, sem opinião. É usada apenas para figuração, para ocupação de espaço, para contar número. Ou, ainda, a que se presta para manipulação e para interesse de outrem.
A expressão encontra inspiração no costume popular de fazer o presépio, com o cenário do nascimento de Jesus, por ocasião das festas natalinas. Segundo a Bíblia, Jesus nasceu numa manjedoura, local onde se deposita alimento para as vacas, num estábulo. No presépio, o menino Jesus está cercado por José, Maria, figuras de pastores, ovelhas e vacas, num cenário bucólico que lembra a noite de Natal.
 

* O Professor Ari Riboldi é colaborador do PortoWeb Cidadão, responsável pela coluna A Origem de Palavras e Expressões. A coluna traça um paralelo entre o significado literal e o sentido figurado de palavras e ditos populares, buscando as raízes de expressões usadas até hoje.

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