Aproxima-se o Natal. Período de encontro, fraternidade, reconciliação, troca de presentes, reflexão e muita festa. De minha parte, vou contar a história de algumas expressões que marcam e registram as principais datas e celebrações deste tempo. É o meu singelo presente. Espero que o apreciem e que seja do agrado de todos.
Em tempo de Natal, todo lobo vira cordeiro
O perído natalino, com a celebração do nascimento do menino Jesus, torna
os corações mais sensíveis, tolerantes, menos empedernidos. Algumas
pessoas delas, de má índole ou egoístas, tendem a sensibilizar-se com a
mensagem natalina, são capazes de perdoar, de rever certos atos hostis
aos demais. Enfim deixam-se tomar pelo espírito divino da Boa Nova,
tornam-se caridosas, compreensivas e capazes de levar a alegria a quem,
antes, davam motivos de tristeza. Assumem a condição de mansos
cordeiros, abandonando, nem que seja momentaneamente, o papel de vorazes
lobos.
Peru de festa
Indivíduo que vai demasiadamente a
festas e divertimentos. Marca presença em todas as festanças, com frio
ou calor, de noite ou de dia, na chuva ou no sol, com convite ou sem
convite.
O peru (a ave) também marca presença em banquetes, como
prato altamente apreciado. Ganhou ar sofisticado e maior valor
comercial, graças aos avanços da genética e da forma sofisticada de
tratamento e alimentação. Por isso, não comparece a qualquer festa. Nos
ambientes mais simples e populares, deixa o seu espaço para a galinha
com farofa. Em síntese, o sujeito chamado de peru de festa garante a sua
presença em qualquer festa e divertimento, o que, porém, não ocorre com
a ave que lhe inspira e empresta o nome, pelas razões de ordem
econômica já expostas.
Quem morre de véspera é peru de Natal
No sentido literal, o peru é abatido antes do Natal, para ser
previamente preparado. Faz parte da tradicional ceia de Natal. Aplica-se
também, no sentido figurado, a quem desiste antes de começar uma
atividade, a quem se manifesta derrotado antes mesmo do momento da luta,
do embate. Em outras palavras, significa dizer que ninguém deve
abandonar atividade, mesmo que lhe pareça com dificuldades
intransponíveis. Quem desiste de algo faz o mesmo papel do peru: morre
na véspera, para a alegria dos demais.
Vaquinha de presépio
Diz-se de pessoa que é apenas figura ilustrativa, sem voz ativa, sem opinião. É usada apenas para figuração, para ocupação de espaço, para contar número. Ou, ainda, a que se presta para manipulação e para interesse de outrem.
A expressão encontra inspiração no costume popular de fazer o presépio, com o cenário do nascimento de Jesus, por ocasião das festas natalinas. Segundo a Bíblia, Jesus nasceu numa manjedoura, local onde se deposita alimento para as vacas, num estábulo. No presépio, o menino Jesus está cercado por José, Maria, figuras de pastores, ovelhas e vacas, num cenário bucólico que lembra a noite de Natal.
* O Professor Ari Riboldi é colaborador do PortoWeb Cidadão, responsável pela coluna A Origem de Palavras e Expressões. A coluna traça um paralelo entre o significado literal e o sentido figurado de palavras e ditos populares, buscando as raízes de expressões usadas até hoje.