![]() À PROCURA Procura-se um cão de guarda
A minha proteção começou quando fui chamada para atender uma denúncia numa rua em frente ao Parque da Redenção, em Porto Alegre. Um cão Fila, também pertencente a uma empresa de vigilância, estava em situação de abandono. Não foi difícil fazer amizade com ele e, como na época eu morava naquelas proximidades, tomei para mim a tarefa de alimentá-lo diariamente. Fiz contatos com a empresa para que ele fosse submetido a tratamento, mas decidiram trocar o animal de endereço. Fiquei triste, não só pela saudade que sentia dele, mas por não saber como ele estava sendo tratado e, se de fato, estava recebendo algum cuidado. Foi quando chegou o Thor, ou Gordo, como eu costumava chamá-lo. Nem sei ao menos se este era o seu nome verdadeiro. Ele era furioso, um Rotweiller daqueles de fazer tremer as pernas apenas com o latido. Um verdadeiro cão de guarda, pronto a passar os dentes em qualquer mão estranha que ultrapassasse os limites da grade da casa que o separava da vida digna a que tinha direito. Pensei: ‘Melhor assim. Como ele é muito agressivo não vamos travar amizade. Assim quando for levado daqui, eu não sofro, e ele também não’. Então combinei com o Gordo: ‘Ok. Eu te trago comida e água. Você não me morde e eu respeito o teu espaço e o teu mau humor’. A verdade é que, desde criança, nunca tive medo de cães. Sempre os considerei, assim como os outros animais, criaturas divinas, nascidas com o melhor espectro de Deus e, por isso, bondosos na sua essência, por mais que o ser humano pudesse transformá-los. Não sei como aconteceu, mas num desses dias em que eu levava comida, depois de servi-lo, fui para a segunda etapa: trocar a água. Não podia conceber que, num calor de mais de 35 graus, ele não tivesse água fresca. Depois de alguns dias de convivência veio a grata surpresa. Gordo sentou-se ao lado do prato de ração, abaixou a cabeça e passou a me observar, como quem dissesse: ‘Está bem, pode passar a mão na minha cabeça’. Foi o que fiz, mesmo sabendo que ele não era acostumado a afagos. Via-se naqueles olhos o desconforto, ao mesmo tempo em que tinha a curiosidade em experimentar a amizade humana. E, aos poucos, respeitando limites e quebrando paradigmas, nos tornamos amigos. Amigos, ao ponto de a comida se tornar algo secundário. Em primeiro lugar estava o carinho. Gordo reconhecia o barulho do carro e pulava o mais alto que podia em frente às grades para que eu soubesse o quanto estava feliz por ter chegado. Mas tão feliz que grudava-se nas grades para que eu pudesse abraçá-lo. Depois de um tempo, começaram a surgir novos cuidadores... Depois de um tempo, com problemas de saúde, ele foi embora. Procuro por este cão de guarda porque, uma vez, enquanto ele estava esparramado no meu braço, eu jurei que se um dia o tirassem de lá, eu o encontraria. Se alguém souber onde ele está, por favor, leia para ele o bilhete abaixo. De alguma forma, ele vai entender: ‘Querido amigo, Tentei incontáveis vezes fazer contato para saber onde e como você estava, mas tudo o que me disseram foi que você seria levado a São Francisco de Paula. Quero que saiba que até tentar comprar você, eu tentei, sem sucesso. Gostaria que soubesse que penso em você todos os dias e, nos meus sonhos e pensamentos, ainda agarro você nos meus braços e passo a mão na sua barriga, do jeitinho que você gostava. Tenho a esperança que, mesmo à distância, você possa sentir de alguma maneira a minha presença e que isso, de alguma forma, torne a sua rotina menos solitária. Não esqueci da promessa que fiz de lhe reencontrar um dia. Peço a Deus que um dia você possa morar num lugar que o tratem com a dignidade que todos merecem. Continuo minha busca e aguente firme que um dia nos encontraremos. Amo você, grandão! Com amor da tua protetora’”. Elaine Carrasco ![]() BALANÇO Os números da SEDA até 1ª de fevereiro ![]() ![]() BEM-ESTAR ANIMAL SEDA intensifica campanha em defesa dos animais com os jovens da Capital
Regina afirmou, ainda, que Porto Alegre definiu como política pública a não criação de canil e gatil, uma vez que cidades que adotaram essa prática de recolhimento, hoje, enfrentam sérios problemas no que se refere à zoonozes e à reclusão eterna. “Penso que a criação desses espaços só incentivaria o abandono. Temos, sim, que fazer um trabalho efetivo de conscientização sobre posse responsável e a importância da esterilização”. Durante o encontro, os jovens protetores falaram sobre o trabalho que vem desenvolvendo, como os estudantes da UFRGS Diana Muller, Kétina Timboni e Lucas da Rocha; as protetoras independentes Tathiana Jaeger, Leandra Pinto e Cláudia Cantagalo; as médicas veterinárias Luciana Andreatta Torelly Pinto e Amanda Siviero; e a designer e fotógrafa Ana Carolina Trava Dutra, responsável pelo site Cão e Quadrinhos. ![]() BEM-ESTAR ANIMAL I SEDA é referência para municípios gaúchos A Prefeitura de Marau e a Associação de Proteção Animal (APAM) do município se uniram para defender os direitos animais. Lá são esterlizados em torno de cem cães por ano. O objetivo agora é intensificar as ações, tanto de castração quanto de conscientização sobre a posse responsável e contra o abandono desses seres, na cidade de mais de 36 mil habitantes. ![]() CRUELDADE NUNCA MAIS Cidades gaúchas em defesa dos animais
![]() CURIOSIDADE Cães: eles são mais humanos que você
Os cães, quando brincam entre si, são extremamente justos. ![]() DO LEITOR A SEDA agradece as manifestações de apoio “Parabenizo todas as iniciativas pioneiras da SEDA que garantem a proteção aos animais. Ainda somos uma sociedade que tem muito a evoluir na relação com outros seres vivos e que precisa deixar de tratá-los como bens, como uma coisa. O movimento social de defesa dos Direitos Animais está produzindo uma nova consciência social que causa indignação ao vê-los diante de tanta crueldade e de tanta tortura. Espero que o Poder Legislativo faça a sua parte, criando leis que punam os criminosos; que a Polícia investigue; e o Judiciário condene todos os tipos de violência contra estes seres indefesos e sem voz”. “Sou estudante, estagiária no DMAE e apaixonada por animais, como vocês. Fiquei muito feliz com a iniciativa da Prefeitura de Porto Alegre de criar esta Secretaria. Eu sempre pensei nesta ideia, mas até então ninguém tinha tomado a iniciativa. Desde criança crio gatos e sempre ajudei como pude, até mesmo quando eu não podia. Me emociono com as histórias contadas no Informativo SEDA, de puro amor e respeito com os animais. Há poucos dias fiz uma mobilização em prol de dois cães, na avenida Protásio Alves, e assim vou fazendo a minha parte com relação a esses seres. Estou pensando em, um dia, cursar a Faculdade de Medicina Veterinária, pois sonho em fazer mais pelos animais. Gostaria de participar de algumas ações de vocês como voluntária. Muita sorte aos animais e um abraço a todos”. ![]() FAÇA A DIFERENÇA Mariluce Dias: ao longo desta jornada mais de três mil gatos ganharam um lar ![]() Desde então, já passaram milhares de gatos pelas mãos da protetora. Castrados e em perfeitas condições de saúde, com o apoio da Pet Shop Mundo Animal, ganharam um novo lar. “Tudo começou na Secretaria da Agricultura, e depois veio o Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE). Tive problemas para mantê-los, e a primeira-dama Regina Becker sempre me ajudou muito. Com o tempo passei a levá-los para esterlização e demais necessidades com a saúde deles. E assim foram surgindo novas famílias. Nesses anos de dedicação, conseguimos lar para mais de três mil gatos”, comemora Mariluce, assessora jurídica da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Os cuidados de Mariluce Dias começam no intervalo do almoço e depois do expediente, no prédio do DAER, em Porto Alegre, onde atualmente habitam 16 gatos. “Como saio do trabalho no início da noite, é então que eu faço a rotina com eles”, diz, ao compartilhar essa vitória com os colegas de trabalho, chamados “Grupo de Felinos”, que a têm ajudado com os “frajolas”. Em casa, Mariluce tem o Chico e a Carol, que ela resgatou das ruas já adultos. Carol tem linfoma e faz quimioterapia, mas, contrariando todos os prognósticos, está bem pesadinha e muito feliz. “Esse trabalho tem dado muita visibilidade à vida animal. O prédio em que trabalho é bem movimentado e as pessoas vem conversar comigo. Penso que dessa forma conseguiremos a conscientização que tanto necessitamos à causa”, diz.
![]() FORUM SOCIAL TEMÁTICO Ex-embaixador boliviano elogia trabalho da SEDA ![]() Ex-embaixador foi um dos palestratantes do Forum Social Temático Essa é a opinião do ex-embaixador da Bolívia na Organização das Nações Unidas (ONU), Pablo Sólon. Ele veio ao Rio Grande do Sul, semana passada, para palestrar no Fórum Social Temático sobre o meio ambiente. Segundo Sólon, é preciso que o ser humano reconheça seus limites para não interferir na natureza. “Não podemos mudar a natureza para que ela se adeque aos interesses comerciais. Deve haver um limite, pois esses interesses poluem a natureza e destroem a vida de todos os seres vivos, sejam elas pessoas ou animais”, disse o ex-embaixador. ![]() MUNDO ANIMAL Doenças transmitidas por animais domésticos Muitas pessoas, apesar de amarem os animais domésticos, têm receio das doenças transmitidas por eles. O pêlo, a saliva, as patas, as fezes e a urina de gatos e cachorros abrigam diversos microorganismos capazes de provocar doenças. Mas não serão um problema se souber como evitá-las. Basta tomar cuidados como vacinação e consultas periódicas ao veterinário, mesmo com seu animal sadio. Entre os cuidados para evitar as doenças, alguns são fundamentais: não compartilhar alimentos ou cama com os animais, evitar carinhos como beijos ou lambidas muito próximas ao rosto, recolher rapidamente as fezes e urina dos animais, procurar assistência médica imediata sempre que alguém for mordido.
A raiva Este vírus é transmitido por cão, gato, primatas, cavalo ou morcego, tanto pela mordida quanto pela saliva, se esta entrar em contato com mucosas ou com alguma lesão de pele. Por isso existe a vacinação anual (a partir dos 4 meses de idade) dos animais domésticos. E, por isso, se qualquer pessoa for mordida por algum desses animais, deve entrar em contato urgente com o seu médico ou com o Posto de Saúde, para tomar as vacinas necessárias e receber a orientação adequada para evitar a doença. O período de incubação é de 10 a 40 dias até sete anos e as manifestações iniciais em humanos são inespecíficas. No entanto, duas são mais peculiares: alteração da sensibilidade da pele e insônia. O cão raivoso perde o apetite, baba muito, anda sem rumo e tem crises de furor durante as quais morde as pessoas ou outros animais. Alguns estudos mostram que as mordidas de animais são a quarta principal causa de acidentes em crianças menores de nove anos. Sendo assim, vale lembrar que, mesmo quando elas não provocam raiva, deixam feridas que podem se infectar e têm que ser cuidadas adequadamente. As doenças de pele As micoses são transmitidas pelo contado direto com cão, gato ou coelho doentes. Para evitá-la, não deixe seu animal dormir em locais úmidos, e mantenha a casinha limpa. Caso apareça queda de pêlo, consulte um veterinário. Mas as doenças mais comumente vêm dos pêlos e da saliva, que geram problemas alérgicos tipo bronquite asmática ou rinite alérgica. Outras doenças transmitidas pelos animais domésticos A leptospirose é transmitida pela urina ou pela água contaminada com urina de cães, gatos ou ratos. As "leptospiras", que provocam a doença, penetram através das mucosas, de ferimentos da pele ou da ingestão da água contaminada. É comum aparecerem surtos de leptospirose em épocas de enchentes, quando as pessoas entram em contato com a água da chuva contaminada. Para evitá-la, evite deixar comida a noite para o seu animal. A toxoplasmose é provocada por um germe que habita no intestino dos felinos e chega ao homem pelo contato com as fezes do animal. As mulheres devem tomar um cuidado especial para não pegar esta doença, não ingerindo leite cru nem manipulando carnes cruas sem luvas durante a gravidez e, caso elas já tenham a doença, devem ter um cuidado ainda mais especial para o bebê não nascer com problemas. Os portadores do vírus da Aids também devem tomar muito cuidado, pois a toxoplasmose pode ter conseqüências graves e levar à morte. A criptococose pode ser transmitida por cão, gato, ovinos, primatas e pombos, através da aspiração do pó com o criptococo. Para evita-la, não deixe que os pombos façam ninhos no forro de sua casa e, se for limpar os excrementos, use uma máscara. A larva migrans, ou bicho geográfico, é adquirida através das fezes dos cães, principalmente na praia, escolas, prédios ou casas onde possa haver areia contaminada com estas fezes. Para quem tem cães, não deixe que eles evacuem nas praias, recolha suas fezes de gramados, parques e calçadas, e faça exames semestrais para tratar os animais doentes. Outros vermes podem ser transmitidos através das fezes e das lambidas os cães e gatos. O contágio também pode ser pela contaminação da água e dos alimentos com os quais os animais tenham tido contato, ou ainda pela areia contaminada com as fezes. Além disso, os animais contaminados eliminam constantemente ovos dos vermes que ficam aderidos aos pelos. As pulgas fazem parte do ciclo de transmissão, e a ingestão acidental de pulgas ou de ovos, principalmente por crianças, leva à contaminação. Além do exame de fezes periódico, você deve evitar a infestação de pulgas. Matéria publicada no site UOL ![]() POSSE RESPONSÁVEL As 21 adoções na vida de Cristiano ![]() Aos 35 anos, o morador do bairro Lomba do Pinheiro, discorre sobre sua adoração por cães e orgulha-se ao afirmar que sua casa só é completa com a presença dos animais, que alegram a vida de sua família. Segundo ele, todos são conscientes sobre a realidade na Capital. "Há muito abandono e descaso com os animais, por isso, eu e minha esposa sempre adotamos. A Hulca é a nossa 21º adoção e, esse gesto nós recomendamos, pois esses seres precisam de carinho e cuidados especiais", afirma. Hulca, de quatro anos, ganhou um novo lar no último dia 20 de janeiro Na opinião de Cristiano, faltam campanhas de conscientização na mídia contra o abandono e os maus tratos. "Há muita desinformação, e as pessoas devem ter conhecimento da realidade dos animais de rua. A SEDA vem fazendo isso, informando e fiscalizando, o que coíbe, em parte, o descaso da sociedade. Também penso que as leis devem ser mais rigorosas com quem pratica crime contra animais", concluiu. |