2013
Gabinete da Secretaria Especial dos Direitos Animais está em novo endereço

ATO DE AMOR I
Cão atropelado por trem é resgatado e encaminhado à SEDA

Passa bem o SRD retirado de um dos acessos aos trilhos do Trensurb, a 500 metros da Estação Rodoviária de Porto Alegre. Segundo a veterinária Adriana Lopes, que fez o pronto-atendimento na Área de Medicina Veterinária da SEDA, provavelmente o cão foi atropelado por um trem e, na fuga, ficou preso entre as grades.

Além de ferimentos na face, o animal está com miíase (bicheira) no coxo femural. Ele está reagindo satisfatoriamente ao tratamento e à limpeza do tecido necrosado. “O cão chegou à SEDA em estado de choque devido à dor, pois, diferente de nós, humanos, muitos não expressam o que sentem, simplesmente paralisam. Limpamos os ferimentos, colocamos soro e oferecemos salsicha. Em poucos minutos levantou a cabeça e ficamos mais tranquilos quanto ao seu estado”, conta Adriana.

O resgate
No início da manhã de quinta-feira (3), a Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA) recebeu pedido de ajuda do protetor Acyr Winckler Martins, servidor da Trensurb, para um cão preso entre as grades que separam os trilhos do Cais do Porto.

Com o apoio de dois guardas portuários da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), Acyr conseguiu resgatar o animal e levá-lo à Área de Medicina Veterinária. “Há tantos anos vivendo a causa animal, socorrendo muitos com risco de morte e não me acostumo com as condições em que encontro esses bichos. Precisamos, cada vez mais, que as pessoas entendam que eles sofrem tanto quanto nós”, desabafa o protetor.

O cão ficará sob os cuidados da SEDA até estar totalmente recuperado. Ele também será esterilizado e, posteriormente, devolvido a Acyr Winckler Martins: “Vou levá-lo para meu sítio e me responsabilizar por sua vida. Uma coisa é você socorrer um cão após todo trauma que sofreu. Outra coisa é você viver todo o trauma e até mesmo sentir sua dor. Impossível ficar indiferente a tudo isso”.

Imagens do animal durante resgate e nos primeiros-socorros na SEDA

 

ATO DE AMOR II
Relato do protetor Acyr Martins: 2013 mal começou e já temos uma história incrível para contar...

“Se este animal pudesse falar, teria uma grande história para contar. Relatarei a parte que vivi: na manhã de quinta-feira (3), ao chegar para trabalhar (Trensurb), funcionários da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) nos comunicaram que um cão de grande porte estava preso ao Portão 7 (Estação Mercado).
 

Acyr e a veterinária Adriana Lopes na chegada do cão à Área de Medicina Veterinária da SEDA


Em princípio, a informação não foi levada muito a sério, até porque temos seis portões na Estação Mercado, mas logo em seguida outro colega foi informado de que foram ouvidos latidos e ganidos a noite toda e que poderia mesmo haver um cão preso no sistema metroviário. Conversei com meus colegas e todos concordaram ser necessário verificar a veracidade daquelas informações. Ao final, coube a mim a tarefa de investigar os comentários.

Fui até o Cais do Porto, onde fui informado de que o Portão 7 é, na verdade, uma grande comporta do muro da Mauá, a aproximadamente 50 metros ao sul da Estação Rodoviária. Então subi sobre a comporta e o que vi foi de cortar o coração: um cachorro estava preso, com o corpo encaixado na grande porta de ferro com as patas para cima, completamente imobilizado. Ele estava vivo e, imediatamente, olhou para mim. Acionei todo mundo, os bombeiros, a segurança metroviária, a SEDA...

Os bombeiros do cais haviam sido informados pela segurança portuária no dia anterior, mas nada fizeram. Com minha insistência, acionaram uma equipe da Tristeza, zona sul da Capital, que chegaria em instantes, mas quando retornei à comporta, dois guardas portuários estavam do outro lado do muro tentando retirar o cão, e conseguiram. Colocaram-no sobre uma lona e içaram o animal até o topo do muro de três metros, onde o peguei junto com outro funcionário do porto. Ele foi cuidadosamente deitado em solo e, imediatamente, providenciamos água, que ingeriu como se fosse um náufrago.

Nos perguntávamos a todo instante como aquele ser poderia ter ido parar ali? Tremia e parecia em choque, estava muito desidratado. Só então chegou a equipe do Corpo de Bombeiros. Estávamos orgulhosos da arte que cometemos, eles não tinham mais nada a fazer ali, uma vez que não podiam levá-lo para atendimento especializado.

Entrei em contato com a SEDA, que daria o atendimento. Só precisaríamos levá-lo até a Área de Medicina Veterinária. Um dos guardas portuários que participou do resgate e que recém saíra do turno de trabalho noturno se ofereceu para fazer o transporte até a Lomba do Pinheiro.

Quando estávamos saindo do Cais do Porto, uma grata surpresa. A pessoa com quem fiz contato na SEDA chegou e embarcou conosco na caminhonete de um de nossos heróis, até ali anônimo: o guarda portuário.

Na Área de Medicina Veterinária, pudemos imaginar, afinal, o que havia acontecido com o cão. Pelos ferimentos, provavelmente fora atingido por um trem e, com o impacto, jogado contra o portão, naquela posição de onde jamais teria conseguido sair sozinho. Naquele trecho, o trem passa a uns 50 cm do muro do cais.

Missão cumprida! Agora nos resta esperar que este lindão se recupere completamente para que possamos lhe conseguir um bom lar, de preferência, bem longe do trem e do cais.

Ah, pensei em dar-lhe o nome de ‘Pi’. Quem assistir ao filme que está em cartaz em Porto Alegre entenderá sua conotação. É minha singela homenagem a um amigo que conheci na Associação Cristã de Moços (ACM), Moacir Scliar, a quem se atribui a autoria da fantástica história".
 



Acyr Winckler Martins e a esposa Ceres Beatriz Dutra Moutinho (na foto à esquerda) cuidam sozinhos de mais de 200 cães vítimas de abandono e maus tratos. Eles estão finalizando a construção de um canil para melhorar a qualidade de vida de seus animais e, com frequência, realizam a Campanha da Ração.

ATO DE AMOR III
A dor física dos animais

É natural querer entender o que o animal está sentindo, por isso, é correto acreditar que todo procedimento que causaria dor em humanos também causará nos animais.

A dor pode ser definida como a percepção de uma sensação desagradável originária de uma região específica do corpo. Ainda que em geral seja considerada ruim, a dor normalmente só ocorre quando há uma lesão tecidual real ou potencial, e, na maioria das vezes, serve como um alarme.  Além de desagradável, pode ter efeitos prejudiciais sobre outros sistemas orgânicos, interferir na função imune, aumentar o metabolismo tecidual ou diminuir função respiratória.

Nos animais está associada à inflamação ou traumatismo tecidual. É raro levá-los ao veterinário com dor generalizada, mas, com freqüência, uma história de traumatismo fornece uma base importante para avaliação. Da mesma forma, uma história que exclua traumatismo permite que o clínico se concentre em outros processos patológicos como doenças degenerativas, neurogênicas, viscerais e neoplásicas (câncer).

Os cães e gatos podem demonstrar a dor de várias maneiras, podendo apresentar alterações físicas e/ou comportamentais. Há ainda os animais que, mesmo sofrendo de dor grave, não manifestam nenhum sinal específico. Embora existam traços típicos da espécie, é frequente haver variação na resposta a estímulos dolorosos, o que dificulta a interpretação do observador.

As alterações comportamentais associadas a dor incluem uma postura agressiva ou submissa, isolamento ou desinteresse com relação ao ambiente, perda do comportamento de saudação, depressão, agitação, inquietação, alteração nos hábitos de cuidado consigo mesmo, anorexia, insônia, alteração da expressão facial e vocalização.

Os gatos com dor são geralmente silenciosos, mas podem rosnar ou silvar se provocados. Pode haver ainda a perda de apetite e tendência a se esconder. A postura corporal se torna tensa e o gato pode sentar-se curvado, deitado sobre seu peito e relutando em se esticar. Um gato com dor severa pode uivar e demonstrar alterações de comportamento como, desesperadas tentativas de fuga. Lambedura constante, muitas vezes, pode ser associada com dor, mas comumente ele apresentará uma pelagem descuidada com alteração do seu comportamento normal de lambedura/banho.

Já os cães, geralmente, se apresentam quietos e menos alertas com movimentos tensos e sem disposição para se movimentar. Numa dor menos severa, pode parecer inquieto, haver perda de apetite, tremores e aumento dos movimentos respiratórios. Latidos são improváveis, o cão costuma choramingar ou uivar, especialmente se deixados sozinhos. Podem rosnar sem causa aparente, morder ou arranhar as regiões dolorosas que tendem se tornar um movimento repetitivo.

Há uma grande variação individual na reatividade de um animal a estímulos dolorosos, em sua resposta a dor e em seu comportamento. Além disso, animais de matilha e outras presas potenciais podem mascarar sinais de enfermidade e desconforto.

Uma maneira prática e segura de proceder no tratamento de dor é considerar que os animais provavelmente sentem dor em boa parte das situações que uma pessoa sentiria, e a primeira coisa a fazer é levar para uma consulta veterinária. Alguns podem estar tão mal a ponto de não exibir tais comportamentos, e a ausência de resposta a uma lesão ou estado mórbido que racionalmente seria considerado doloroso não deve ser interpretada como o paciente não tendo.

Por fim, jamais medique um animal por conta própria, caso suspeite que ele esteja com dor! Ao invés de ajudar, você pode estar complicando ainda mais um caso clínico e dificultando o trabalho do veterinário.

BALANÇO
Atendimentos, cirurgias e fiscalizações da SEDA na semana

A Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA) realizou, entre os dias 28 de dezembro e 3 de janeiro, 40 esterilizações, 44 atendimentos clínicos e oito cirurgias, sendo três para retirada de tumor de mama e duas de hérnia.

Já a equipe de Fiscalização atendeu a 45 demandas do “Fala Porto Alegre – 156”. As solicitações também podem ser encaminhadas pelo site www.falaportoalegre.com.br/solicitacao.
 

BLOCO CIRÚRGICO I
Animal trazido pela protetora Dani Wicca ficará na SEDA para tratamento

Com a chegada do verão, aumenta o número de ocorrências de bicheira nos animais de estimação. Basta uma simples ferida para a mosca colocar seus ovos e causar um grande problema à saúde deles.
 
Na última quarta-feira (2), a protetora Dani Wicca levou à Área de Medicina Veterinária (AMV) um SRD resgatado das ruas, com quadro de miíase na orelha direita. Conforme a veterinária Adriana Lopes, o estado de saúde do cão é grave, porém, está respondendo bem ao tratamento. Adriana acredita que a bicheira pode ter sido ocasionada por uma otite mal curada ou até por brigas com outros cães. 
 

 

Internado na Área de Medicina Veterinária da SEDA, na tarde de sexta-feira (4), o SRD passou por uma cirurgia plástica para remoção do tecido necrosado

Cirurgia plástica
Na AMV foi realizada a remoção das larvas e, imediatamente, o animal foi submetido a tratamento a base de soroterapia, já que não está se alimentando espontaneamente, e antibioticoterapia. Na tarde de sexta-feira (4), ele passou por uma cirurgia plástica para remoção do tecido necrosado.
 
O SRD permanecerá na SEDA até sua total recuperação. Após será esterilizado e, então, devolvido à protetora responsável.

BLOCO CIRÚRGICO II
SRD resgatada de casa abandonada se recupera bem e passará por treinamento comportamental
Vivi, durante o resgate e, hoje, em plena recuperação na SEDA
 

A SRD Vivi está em processo de recuperação, após ser resgatada pela equipe da SEDA, no dia 20 de dezembro, de uma casa abandonada no bairro Santa Tereza. Presa a uma corrente em meio ao lixo, Vivi apresentava bicheira na orelha e pata esquerdas, estava muito desidratada, sem água e comida. Segundo relatos de moradores, o responsável é uma pessoa envolvida com tráfico de drogas e fugiu deixando o animal em condições de maus tratos.

Na Área de Medicina Veterinária (AMV) foi realizada a remoção de larvas e a SRD foi submetida a rígido tratamento a base de antibioticoterapia, fluidoterapia e controle da dor, através de analgésicos e antiinflamatórios. De acordo com a coordenadora da AMV, Márcia Gemerasca, Vivi permanecerá em tratamento até total cicatrização do ferimento e, posteriormente, passará por treinamento comportamental. “Hoje, Vivi está muito assustada, sempre na defensiva e estressada. Acredito que pode ser herança do tratamento que recebia de seu tutor, de maus tratos. Por isso, é importante que seja trabalhado seu comportamento para que volte a confiar nas pessoas e ter uma vida digna e feliz”, diz Márcia.
 
Para o chefe da equipe de Fiscalização da SEDA, Jerônimo Carvalho, em casos como este, quando é confirmado maus tratos, é aplicado auto de infração e o responsável pode responder às sanções penais cabíveis.

DO LEITOR
A SEDA agradece as manifestações de apoio

“Desejo a esta equipe maravilhosa que continue a desempenhar seus projetos em 2013 com muito sucesso”.
Luziane Vasconcelos – Porto Alegre

“Fiquei sabendo recentemente que a escola onde meus filhos estudam utiliza os serviços da Delta Cão. Fiquei indignada, pois sou totalmente contra esse tipo de exploração de animais, e ainda mais sendo na escola de meus filhos, que trabalha todos os anos com projetos de preservação ambiental. Estou pensando em fazer uma carta manifestando meu descontentamento com tal prática".
Patrícia Orlandi – Porto Alegre

“Os Direitos Animais têm que ser muito mais valorizados, pois se isto for cobrado e feito, ganharemos em todos os sentidos. Tenho em minha casa cinco cães, sendo três de rua que me adotaram. Com a SEDA consegui a esterilização e ainda estou agendada para fazer em mais uma das minhas filhas do coração. Assim, ela terá garantido o seu futuro, bem tranquila e tratada”.
Cássia Vieira da Silva – Porto Alegre

“Adoção tem que ser responsável! Animais são bem tratados em abrigos e só devem ser adotados para irem a lares melhores, onde receberão mais carinho, amor e uma família! O Click Pata apoia a adoção responsável e a campanha da SEDA”
Click Pata

FACEBOOK SEDA
Amigos do Facebook da SEDA ajudam donos a encontrar seus cães fujões

 

Na foto, Pupe e MEG, dois cães perdidos em Porto Alegre, nos últimos dias, e encontrado em poucas horas graças aos amigos da rede de proteção

A Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA) agradece de coração aos leitores e amigos do Facebook por ajudar donos a encontrar seus animais fujões, neste caso, Thiago Campos e Adriana Vaz e sua poodle MEG, e Fernanda Butte e o poddle Pupe.

No dia 26 de dezembro, o casal Thiago Campos e Adriana Vaz pediu ajuda da SEDA para encontrar MEG, levada no dia 18 do mesmo mês por um senhor alcoolizado, no bairro Glória. Quinze minutos depois de postarmos a foto da poodle, recebemos a notícia de que MEG havia voltado para casa. “Sou dona da Meg. Meu marido Thiago foi na casa da Viviane (que comunicou a SEDA que estava com o animal) buscá-la e ela já está em casa. Muito obrigada especialmente à Viviane Moreira e família, por ter encontrado e cuidado de MEG com amor, e à SEDA. Agora sim vamos comemorar o Natal e o Ano-Novo”, escreveu Adriana Vaz.

Na sexta-feira (4), foi a vez de Fernanda Butte pedir socorro para Pupe, que fugiu no dia 30 de dezembro, na zona norte da Capital. Passadas duas horas da publicação, Fernanda mandou um e-mail: “Quero agradecer pela divulgação via Facebook, pois, graças a SEDA, o Pupe foi encontrado. Muitas pessoas me ligaram dando pistas. Valeu! Ele está aqui comigo super feliz”.

Parabéns às famílias agora completas, parabéns a todos que estão nesta luta incansável pelos Direitos Animais.

SEDA PELO BRASIL
Recife segue os passos de Porto Alegre e cria sua SEDA

Os bons exemplos e resultados obtidos pela Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA) de Porto Alegre estão “contagiando” outras cidades brasileiras. Em agosto passado, a primeira-dama Regina Becker palestrou no III Congresso Mundial de Bioética e Direitos dos Animais, na Universidade Federal de Pernambuco.

Durante o encontro, Regina também se reuniu com um grupo de protetores de Recife para debater a criação de uma Secretaria voltada aos animais na Capital pernambucana. Uma carta assinada pelo prefeito José Fortunati foi entregue ao grupo, e, a partir de então, a SEDA de Porto Alegre abriu suas portas, bem como todos os desafios e obstáculos da Pasta. Dizia o documento: “Os Direitos Animais estão garantidos na Constituição e os poderes federal, estaduais e municipais têm suas responsabilidades e deveres. Cuidar dos animais é, também, questão de saúde pública. Para chegar a este patamar, é preciso muita coragem e determinação, porém, os resultados obtidos na Capital gaúcha valem todo o esforço empreendido”.

Hoje, Recife tem sua Secretaria Executiva dos Direitos dos Animais (SEDA). Rodrigo Vidal (foto) assumiu no dia 1º de janeiro, com o apoio da rede de proteção que elaborou uma petição pública: “Esta petição foi criada com o objetivo de que, a partir de 1º de janeiro de 2013, a nova Secretaria Executiva dos Direitos Animais (SEDA), através de Rodrigo Vidal, juntamente com os órgãos públicos, ONGs e população voluntária, possa realizar as ações tão almejadas pelos recifenses, em benefício daqueles que nada podem opinar, nada podem contestar, nada podem reivindicar. Eles só podem, com o seu frágil e ‘pidão’ olhar, implorar que os humanos sensíveis os defendam”.

Para o novo secretário, a decisão do prefeito Geraldo Julio em criar uma SEDA é um avanço nesta nova e contemporânea política pública, ao lado de Porto Alegre e Rio de janeiro, pioneiras em implantar estas unidades em suas administrações. “Muito me honra ter plantado esta Secretaria no programa de governo do atual prefeito e ter sido convidado para assumi-la. Meu coração está repleto de alegria e gratidão a Deus”, destaca Rodrigo.

TESTES COM ANIMAIS
Pesquisadora de câncer de mama recebe prêmio por usar alternativas aos testes com animais

O Prêmio Nórdico de Pesquisa para Alternativas aos Testes em Animais foi concedido à pesquisadora oncológica Stina Oredsson. Professora da Universidade de Lund, na Suécia, o prêmio foi entregue pelas três organizações nórdicas – Pesquisa sem Testes com animais (Forska Utan Djurförsök), da Suécia, Fundo Alternativo (Alternativfondet), da Dinamarca, e Fundação Juliana von Wendt, da Finlândia.

Ao longo de sua carreira, Stina trabalhou com diferentes tipos de células ao invés de usar animais. Além disso, tem feito um grande esforço para suprimir a experimentação animal em seu ensino: “Pouquíssimos professores têm ensinado aos seus estudantes sobre as possibilidades de cultura de células para substituir experiências com animais”.

Atualmente, a pesquisadora e seu grupo estão trabalhando em um projeto para desenvolver nova estratégia de tratamento para o câncer de mama. Como sistema experimental, eles utilizam células cancerígenas mamárias cultivadas em garrafas, ao invés de utilizar animais. “A linha de pesquisa está em total conformidade com a nossa visão: um mundo onde a pesquisa é realizada com sucesso, sem o uso de animais, para o bem de todos”, diz.

Discussão mundial
A utilização de animais em pesquisas científicas tem trazido discussões acaloradas por parte de ativistas que são simplesmente contra essa prática. Parte dos argumentos levantados por esse setor da sociedade é baseado no fato de que métodos alternativos são capazes de substituir a utilização desses animais em pesquisa, prática que consideram obsoleta.

De acordo com Marcelo Marcos Morales, presidente da Federação Latino Americana de Sociedades de Biofísica e coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), “diferente do que muitos imaginam, o interesse por métodos alternativos cresce dentro da própria comunidade científica, na tentativa de diminuir o número de animais utilizados e, também, reduzir o custo dos experimentos, pois animais de pesquisa precisam ser acondicionados, alimentados e mantidos nas melhores condições de saúde e higiene possível, caso contrário não podem ser utilizados para propósitos científicos”.

Relatório do Conselho das Organizações Internacionais de Ciências Médicas, publicado em 2005, mostrou que mais de 130 produtos farmacêuticos foram retirados do mercado mundial nos últimos 40 anos, por motivo de segurança: um terço nos dois primeiros anos de comercialização e 50% em até cinco anos. Os principais motivos apontados pelo órgão ligado à Organização Mundial de Saúde são as reações adversas causadas pelos medicamentos.

No Brasil, desde fevereiro de 2010, as empresas são obrigadas a monitorar os medicamentos que colocam no mercado nacional. Ao mesmo tempo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também fiscaliza os remédios usados por profissionais de saúde, farmácias, hospitais e organismos internacionais. Nos últimos seis anos, pelo menos sete classes de remédios foram retirados do mercado por causar reações adversas nos pacientes. Entre eles, o Vioxx, em 2004, por causa de risco cardiovascular, e o Tacrolimos e a Closapina, em 2009, ambos por falta de eficácia.

Por sua vez, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é pioneiro ao selecionar propostas para estruturação da Rede Nacional de Métodos Alternativos ao Uso de Animais em Pesquisas (Renama). Criada em junho deste ano, o objetivo da rede é atuar no desenvolvimento, validação e certificação de tecnologias e de métodos alternativos ao uso de animais para os testes de segurança e eficácia de medicamentos e cosméticos. Com isso, o CNPq quer avançar na substituição de animais em pesquisas, buscando comprovação científica da eficácia do método alternativo.

Os laboratórios contemplados serão integrados à Renama, por meio de um acordo de cooperação técnico-científica com os laboratórios centrais. Segundo a chamada pública, o Brasil ainda é incipiente na utilização de métodos in vitro e vem utilizando basicamente animais de laboratório para a realização de testes pré-clínicos. “A tendência mundial é que o uso de animais seja diminuído ou até mesmo banido”, diz o documento.

Fim do sofrimento de animais em pesquisas no Brasil pode acontecer em 2013
O Projeto de Lei 2905/11, de autoria do deputado Roberto De Lucena (PV-SP), que proíbe o uso de animais em pesquisas quando forem submetidos a algum tipo de sofrimento físico ou psicológico, pode ser votado a qualquer momento no plenário na Câmara dos Deputados. A proibição vale para estudos relacionados à produção de cosméticos, perfumes, produtos para higiene pessoal, limpeza doméstica, lavagem de roupas, de suprimentos de escritório, de protetores solares, além de vitaminas e suplementos.

Atualmente a Lei dos Crimes Ambientais (Lei Nº 9.605/98), que define punições para quem praticar atividade lesiva ao meio ambiente, criminaliza apenas a realização de experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

Pelo projeto, quem não cumprir a determinação ficará sujeito às penalidades previstas na lei de crimes ambientais. No caso de provocar o sofrimento de animais durante pesquisa, a pessoa poderá pegar de três meses a um ano de prisão, além de ser multada.