*Por Ari Riboldi
Calvário
Monte onde Jesus foi crucificado. Do latim “calvariae” (locus), lugar das caveiras, dos crânios. Em hebraico, corresponde ao monte Gólgota, lugar onde eram executados os que haviam sido condenados à morte, na Antiga Judéia. A denominação do monte, em latim e em hebraico, provavelmente seja decorrente do fato de ali serem encontrados muitos crânios dos condenados. Outros estudiosos afirmam que o nome Calvário deve-se ao fato de o monte não possuir nenhuma vegetação (calvus), portanto parecer-se com uma cabeça calva. Interpretações à parte, calvário atualmente é metáfora que traduz dor e sofrimento.
Via-Sacra
Designação de cerimônia religiosa católica que lembra 14 passagens (chamadas estações) importantes, desde a prisão de Jesus até a sua cricifixação e morte. Em latim, “via-crucis”, com o significado de via, estrada ou caminho da cruz. A própria palavra crucifixo - e daí crucificação - significa, literalmente, fixo na cruz. Acima do corpo de Jesus, no alto da cruz, aparece uma tabuleta com 4 letras: INRI. Em latim, Iesus Nazarenus Rex Iudeum (Jesus Nazareno, Rei dos Judeus). Havia, na época, uma prática comum de se colocar em tabuleta, na própria cruz, o motivo da morte do condenado. Contam os evangelistas que alguns escribas não gostaram dos dizeres da tabuleta e foram até Pilatos para pedir que fossem alterados para "Jesus Nazareno, o que se diz rei dos judeus", ao que o representante do Império Romano teria respondido: "O que está escrito, está escrito". E assim permaneceu.
Páscoa
Do hebraico “pessach”, nome da festa anual que os pastores hebreus faziam, quando ainda viviam nômades, para comemorar a chegada da primavera. Mais tarde, quando Moisés libertou os hebreus da escravidão do Egito, com a milagrosa passagem pelo Mar Vermelho, a palavra assumiu o sentido de passagem, de libertação. Os cristãos, por simbologia, adotaram o mesmo nome para marcar a passagem da morte para a vida, ou seja, para a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, após o terceiro dia de sua morte. Segundo os historiadores, a morte de Jesus aconteceu no mesmo período em que os hebreus celebravam a festa anual da sua Páscoa.
Santo Sudário
Do latim “sudarium”, lenço, sudário, mortalha, relativo ao verbo “sudare”, suar.
O sudário é pano com que se limpava o suor, substituído pelo lenço; espécie de lençol com o que se envolvia o cadáver; mortalha; véu usado antigamente para cobrir a cabeça dos mortos.
O Santo Sudário é a mortalha com a qual se acredita que foi envolto o corpo de Jesus, depois de retirado da cruz. Segundo a tradição, o lençol contém a imagem de Cristo. Fruto de crença, há muitos sudários como sendo o verdadeiro, aquele que foi usado para envolver o corpo de Cristo, no sepulcro. A Igreja Católica, no entanto, não reconhece nenhum deles como o autêntico. O mais famoso deles, por força da religiosidade do povo, é o que se encontra na Itália, na catedral de Turim. O material foi submetido a vários testes científicos e constatou-se que o linho do lençol foi fabricado durante a Idade Média, vários séculos depois da morte de Jesus, portanto longe de ser o verdadeiro. A fé dos cristãos, porém, se sobrepõe à ciência, e o culto ao Santo Sudário se mantém vivo nas manifestações populares, particularmente no perído que antecede a Páscoa.
Por que a páscoa não tem data fixa?
A ressurreição de Cristo teria acontecido próximo do equinócio da primavera (quando dia e noite têm a mesma duração) e durante uma lua cheia. Por isso a data da Páscoa deveria ser calculada com base nesses dois fenômenos. Em 325 d.C., o Concílio de Nicéia, convocado pelo imperador romano Constantino, estabeleceu regras bastante rígidas para a determinação da Páscoa: ela é celebrada no primeiro domingo após a Lua Cheia que vier depois de 21 de março, início da primavera no hemisfério norte – e substituiria as festas pagãs da fertilidade. Isso foi ratificado pelo papa Gregório XIII, em 1582, ou seja, a Páscoa cristã corresponde ao primeiro domingo de Lua Cheia que ocorre em ou logo após 21 de março. Com essa determinação, a Páscoa nunca acontece antes de 22 de março nem depois de 25 de abril. A data da Páscoa estabelece a quarta-feira de Cinzas, sempre 46 dias antes da Páscoa, e também a terça-feira de Carnaval, sempre 47 dias antes da Páscoa. A palavra Carnaval, de acordo com a maioria dos historiadores, liga-se à expressão latina “carnis levare”, isto é, “afastar a carne” , como se fosse um último momento de alegria e fartura antes do período da Quaresma, tempo de penitência, jejum, abstinência de carne e sentimentos de pesar. No italiano, originou a palavra “carnevale” A Quaresma designa um período de 40 dias. Começa na quarta-feira de Cinzas e termina na quinta-feira santa, quando Jesus celebrou a última ceia na presença dos seus 12 apóstolos.
* Professor e escritor
aririboldi@terra.com.br