28.08.21
Em reunião virtual, na tarde desta sexta, 27, a Comissão de Saúde da População Negra (CSPN) do Conselho Municipal de Saúde (CMS/POA) debateu sobre a doença falciforme no município. Durante o encontro, a coordenadora da área técnica de Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS/POA), Gisele Gomes, apresentou um diagnóstico da situação aos participantes.
O relatório demonstrou um número de 330 pessoas detectadas com a doença na capital, o mapeamento dos casos na rede de cuidado, além das informações sobre os atendimentos tanto nas unidades de saúde (USs) quanto nos Hospitais Conceição e de Clínicas, referências para a enfermidade. O documento destacou, ainda, a importância do diagnóstico feito pelo teste do Pezinho (Triagem Neonatal) nos primeiros cinco dias do bebê, que é realizado no Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV). A partir do teste positivo, é possível encaminhar a família para o tratamento da criança.
Os integrantes da CSPN apontaram que muitas famílias não recebem o acompanhamento adequado e múltiplos fatores podem acarretar esta situação. Desde a vulnerabilidade social da população atingida, a falta de capacitação da rede de cuidado da Atenção Básica em relação ao racismo, ao acolhimento e às especificidades da patologia, até o tratamento mais resolutivo dentro do hospital. Tudo isso afasta as famílias das USs de referência nos territórios e impossibilita um vínculo essencial entre os profissionais de Saúde e os portadores da doença falciforme, que precisam de um acompanhamento ao longo da vida.
Considerando o impacto positivo na longevidade e qualidade de vida das pessoas com a enfermidade que um monitoramento eficiente do usuário dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) pode oferecer, a coordenadora adjunta da CSPN, Maria Letícia de Oliveira Garcia, e os membros da CSPN solicitaram, à gestão, a elaboração urgente da linha de cuidado da doença. Com isso, a Política de Saúde da População Negra poderá avançar na equidade dentro do SUS municipal, minimizando as diferenças no atendimento e as desigualdades sociais, e garantir a melhoria da saúde desta população. O grupo acordou o retorno da pauta para o mês de outubro.
Sobre a doença
A doença falciforme tem maior incidência na população negra e seus descendentes. É uma enfermidade genética e hereditária, com manifestações clínicas, em que os sinais e sintomas causam repercussão em vários aspectos da vida das pessoas, como a interação social, as relações conjugais e familiares, a educação e o emprego. Embora essas manifestações sejam intensas, podem ser prevenidas e tratadas, garantindo longevidade com qualidade de vida.