Saúde mental é pauta de encontros itinerantes
23.09.21

(foto divulgação CMS/POA)
A Comissão de Saúde Mental do Conselho Municipal de Saúde (CSM/CMSPOA) começou na terça-feira, 21, um amplo processo de diálogo com as regiões de Saúde, envolvendo Conselho Distrital, usuários e trabalhadores com o objetivo de discutir a Política de Saúde Mental (PSM) e a organização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) considerando a realidade dos serviços e as necessidades em saúde mental.
A intenção também é de fomentar a discussão da saúde mental a partir do controle social e a constituição de conselhos locais de saúde nos componentes da RAPS. Para isso, a CSM fará uma reunião mensal de forma virtual e itinerante por gerência distrital. Dessa forma, a CSM também vai preparar a V Conferência Municipal de Saúde Mental que deve ocorrer entre novembro e janeiro de 2022 na capital.
A primeira região foi a Centro, pois possui dois serviços de saúde mental já com conselhos locais, o Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS) Centro e a oficina de geração de renda Geração POA. Para o encontro, foram organizados espaços nesses serviços, permitindo acesso à internet e participação ampliada.
No debate, foram destaques a importância das unidades de saúde no cuidado em Saúde Mental e as iniquidades de acesso aos serviços da RAPS pela População em Situação de Rua. Também foi falado sobre o número preocupante de 347 usuários em lista de espera, na região, para acesso ao atendimento em saúde mental, segundo dados do Gercon, sistema de marcação de consultas da Prefeitura de Porto Alegre. Outro problema relatado foi a falta de reposição de vacâncias e aposentadorias, como ocorre no CAPS II Centro, que impede a realização das atividades de atenção diária no serviço. Além disso, os participantes discutiram a situação dos CAPS I (infanto-juvenil) e II do território, que são referências para outros territórios em função da insuficiência de CAPS na cidade.
Para a coordenadora adjunta do CMS e coordenadora da Comissão, Ana Paula de Lima, esse será um momento importante para aprofundar o debate sobre a Saúde Mental, além de ser uma ação estratégica formativa para o controle social. Dessa forma, envolvendo mais pessoas e com a participação dos Conselhos Distritais, reafirmar os princípios e diretrizes do cuidado em liberdade e da Atenção Psicossocial como guias para a construção da Política Municipal de Saúde Mental.
Para Harlei Noro, usuário presente na reunião, foi importante conhecer os problemas e dificuldades das pessoas, e que necessitam de atenção para serem superados. “A gestão anda na contramão da lei orgânica, porque lá está prevista a participação popular nos processos. Até o serviço que é prestado na área, deve ser orientado com a escuta das pessoas”, disse.
Segundo Adriane da Silva, trabalhadora do SUS, falta um plano municipal de saúde mental que responda às demandas existentes, e que os serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) sejam oferecidos dentro do território dos usuários. Além disso, Adriane também apontou a preocupação com número de internações e reinternacoes e a falta das ações de monitoramento dessas situações para o cuidado efetivo em saúde mental na RAPS. “É preciso olhar para isso, para que as pessoas recebam atendimento antes de precisar de uma nova internação”, destacou.