A superlotação das Urgências e Emergências da Capital foi pauta do controle social do SUS

20.08.2024

Na quinta-feira, 15, o Conselho Municipal de Saúde (CMS/POA) discutiu sobre a Rede de Urgências e Emergências de Porto Alegre. Tendo em vista o cenário preocupante de superlotação em hospitais e pronto atendimentos da cidade que já passa de um mês em situação crítica, o objetivo do encontro foi cobrar da gestão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ações de enfrentamento que possam minimizar os riscos à saúde da população.

O vice-coordenador do CMS Waldir Bohn Gass fez uma introdução do assunto levantando os pontos mais críticos dos serviços de urgências e emergências e os problemas na Rede de Saúde que impactam para o aumento da superlotação. "Tivemos um inverno antecedido por um extremo ambiental no qual aumentaram muito os problemas que já eram recorrentes, como superlotação nos serviços e tempo de espera para um leito hospitalar dos usuários nos pronto atendimentos. Somada a isso, a demora dos exames encaminhados pelas especialidades e a dificuldade da Atenção Básica de resolutividade dos problemas de saúde da população o que sobrecarrega os serviços de maior complexidade. Outro ponto importante é a articulação com a região metropolitana, são vários desafios levantados aqui para a gestão apresentar suas propostas", disse.

Representando a gestão, o coordenador municipal das Urgências e Emergências, Paulo Bobeck, apresentou um panorama geral da situação e expôs alguns dados e situações que podem ter influenciado no aumento de 27% de pacientes adultos nas urgências e emergências do SUS após a pandemia. Bobeck relatou o aumento do cadastro da população que utiliza o SUS desde 2019, que aumentou de 700 mil para 1,1 milhão de pessoas, o equivalente a 82% da população da cidade.

Em relação aos municípios da região metropolitana que mais enviam pacientes para a capital, Bobeck trouxe a situação da redução do número de internação na própria cidade comparando janeiro a maio de 2023 a janeiro a maio de 2024. No total, somando os município de Alvorada, Cachoeirinha, Gravatai e Canoas, foram 4.140 internações a menos no período, o que pode ter influenciado também no aumento das internações em Porto Alegre. Além do aumento das doenças infecciosas, circulatórias e de saúde mental. Bobeck informou as medidas tomadas pela Secretaria Municipal de Saúde para ampliação dos serviços (confira na apresentação) da Atenção Primária e de suporte para as emergencias.

Ana Paula, conselheira do Distrital Leste, cobrou da gestão sobre as emergências SUS que fecham as portas e atendem somente casos graves e gravíssimos, como os Hospitais de Clínicas e GHC. A conselheira chamou atenção para a necessidade de publicização da capacidade instalada de cada pronto atendimento (PA), bem como da estrutura e condições mínimas para o funcionamento. "As pessoas ficam dias aguardando um leito, sendo que o PA é para estabilizar o quadro ou ficar com o paciente até 24h, por isso é importante a divulgação da média do número de dias que as pessoas estão aguardando um leito. Não é só ingressar no serviço, é preciso que o usuário tenha o atendimento em tempo oportuno e de qualidade", destacou.

Para Masurquede Coimbra, conselheiro pelo Sindifars, mesmo com a ampliação dos serviços apresentados na reunião, a SMS não conseguiu solucionar e sequer controlar a situação da superlotação das Urgências. Para o conselheiro, o fato significa que está faltando cuidado funcional e ampliação dos recursos humanos para o atendimento. "A SMS precisa trazer soluções e alternativas de médio a curto prazo", destacou Coimbra.

A conselheira Maria Eliane Silva, do Distrital Extremo Sul, lembrou que "as unidades de saúde (US) são a base da saúde da população e se a unidade não funciona o resto vai junto". A conselheira destacou que atualmente o médico da US não tem retaguarda e nem celeridade do sistema para exames e, assim, poder dar continuidade no tratamento, o que faz com que o paciente vá às emergências para ter seu problema resolvido.

Maria Letícia de Oliveira Garcia, conselheira pela Associação dos Servidores da SMS, solicitou à gestão acesso à prestação de contas dos recursos destinados à Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) terceirizada para os serviços dos Pronto Atendimentos da Lomba do Pinheiro e da Bom Jesus. Letícia destacou que a Prefeitura pretende pagar R$ 1.9 milhão de reajuste para a empresa SPDM. "É preciso que o CMS debruce-se sobre esse assunto", destacou.
DENÚNCIA

"O que nos traz aqui hoje é um retono da plenária anterior, em que nós recebemos uma resposta muito triste por parte da Secretaria, principalmente da Vânia (Frantz), da Atenção Básica, quando relatamos um problema de atendimento da UPA Moacyr Scliar. O caso de um senhor que estava com sintomas de infarto e recebeu uma pulseira verde e depois de um longo tempo sem atendimento acabou se dirigindo para casa, teve um infarto e faleceu. Como a dona Vânia disse (plenária de 1º de agosto) que isso é normal, que o pessoal vai até lá fica 20min e evade, eu trouxe o depoimento da irmã da vítima para relatar o que realmente aconteceu, porque já saiu o laudo com a causa morte", denunciou o conselheiro José Ademar Becker, da região Norte da cidade.

"Meu nome é Eugênia, meu irmão que faleceu foi o José Adelar. Ele estava com dor de cabeça, dor nos braços e formigamento, ele chegou na UPA por voltas das 20 horas e deve ter permanecido lá até meia-noite e meia e retornou para casa, no meio do caminho acabou falecendo. Eu fui na UPA as 3h30 da madrugada atrás dele, lá falaram que ele não havia sido chamado ainda para atendimento, então faria quase 7 horas de espera se ele estivesse lá ainda. No momento que estava retornando para casa, eu recebi uma ligação avisando que ele tinha sofrido um acidente e falecido. Quando pegamos o laudo, ficamos sabendo que ele tinha sofrido um infarto. Eu acredito que fizeram a triagem errada, porque com estes sintomas ele não poderia ter pegado uma ficha verde, e como tava uma noite fria e se sentindo assim, ele provalemente acabou desisitindo", denunciou a irmã da vítima.
(notícia)
O assunto terá continuidade na plenária das especialidades e filas de espera para consultas e exames do Sistema Gercon que deve ocorrer em setembro. A plenária ocorreu na noite de quinta, 15, no auditório da Secretaria Municipal de Saúde, na av. João Pessoa, 325 - térreo. A atividade foi transmitida ao vivo e está disponível no canal do youtube do Colegiado em @conselhodesaudepoa.



  

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