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Roda de conversa sobre os desafios da participação social no SUS foi destaque na atividade de lançamento do livro alusivo aos 30 anos do Conselho de Saúde
15.04.24Para o lançamento do livro alusivo aos 30 anos do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre (CMS/POA), foi realizada a roda de conversa "Reafirmando a Defesa da Democracia e do SUS - Desafios da participação social no contexto atual". O encontro ocorreu no dia 4 de abril, durante a plenária formativa do Colegiado.
A roda de conversa foi formada por Ana Paula de Lima, mediadora do debate, conselheira de saúde, mestre em Saúde Coletiva e integrante da comissão organizadora do livro, Maria Letícia de Oliveira Garcia, assistente social, conselheira e ex-coordenadora do CMS/POA, Valdevir Both, mestre em Filosofia e coordenador executivo do Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP) e Monika Weronika Dowbor, doutora em Ciência Política e professora visitante do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
Roda de conversa evento de lançamento do livro dos 30 anos do CMS/POA
Foto: Gabriel Maciel/CMS
Roda de conversa evento de lançamento do livro dos 30 anos do CMS/POA
Foto: Gabriel Maciel/CMS
Mediadora do debate, Ana Paula iniciou sua fala prestigiando o evento e celebrando o lançamento do livro comemorativo. ‘’É muito significativo que, em meio ao maior ataque vivido por este Conselho, nós consigamos, pela força do coletivo e da história destes 30 anos, fazer uma publicação em e-book, um livro distribuído gratuitamente’’. A conselheira de saúde destacou as publicações realizadas desde os 15 anos do CMS/POA e comentou sobre os capítulos que estão reunidos neste novo material. Segundo Ana, o livro reúne textos, ações e lutas que o CMS/POA enfrentou desde 2017, expondo as adversidades vividas no Conselho.
Ela também relembrou que não existe SUS sem controle social. ‘’Nós reafirmamos que o SUS só existe na democracia e é a maior e mais inclusiva política pública do país’’.
Maria Letícia, ex-coordenadora do CMS/POA, também trouxe em sua fala as dificuldades vivenciadas pelo Conselho em 2017, como, por exemplo, a ocasião em que o núcleo de coordenação não pôde tomar posse na sede do CMS/POA. ‘’Eu diria que o Conselho de Saúde se especializou em viabilizar de forma inédita e de modo dirigente essas experiências’’. Ela também citou outras ações realizadas pelo CMS, como a política de Saúde da População Negra, desenvolvida pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que se constituiu a partir de uma ação do Conselho, em que foi exigido da SMS que se fizesse uma Secretaria Técnica para tratar de temas como o racismo estrutural, institucional e sistêmico.
Roda de conversa evento de lançamento do livro dos 30 anos do CMS/POA
Foto: Gabriel Maciel/CMS
Monika trouxe ao debate a importância dos Conselhos Locais de Saúde (CLS). A doutora em Ciência Política comentou que entrevistou 32 CLS de 56 atuantes e destacou o processo democrático dos encontros. ‘’É uma característica potente’’, afirma a professora. Monika, do mesmo modo, elogiou as capacitações incentivadas pelo CMS/POA nos CLS, mas acrescentou: ‘’É preciso abrir mais espaço para que os profissionais possam agarrar essa fórmula local de participação’’.
Sobre as dificuldades, a autora diz ser necessário ter conhecimento em relação aos novos contextos sociais, como a polarização em nossa sociedade, para promover uma participação social eficiente. ‘’A gente tem um desafio’’, comenta. Para Monika, é vital reconhecer os obstáculos psicossociais que afetam a saúde mental, para se adaptar aos novos contextos dos usuários, promovendo uma efetividade nos CLS.
Roda de conversa evento de lançamento do livro dos 30 anos do CMS/POA
Foto: Reprodução/CMSPOA
Apesar dos desafios, ela enfatiza que o lançamento do livro vem em um bom momento para o controle social. “No nível nacional, está se reinventando a participação, depois do desmonte que Bolsonaro promoveu”. A palestrante menciona a necessidade de incluir minorias e grupos marginalizados na atuação comunitária, sugerindo uma abordagem mais inclusiva e diversificada nas metodologias, além de reconsiderar os territórios, não apenas fisicamente, mas em termos de desafios da população. Monika assegura que a participação social precisa ser repensada de forma criativa, ancorada nas necessidades das pessoas. “As novas formas de mobilização devem atender às demandas das comunidades locais, de modo que as comunidades se sintam representadas”, manifestou.
Both destacou em sua fala a influência do neoliberalismo na sociedade, mencionou suas consequências em diversas áreas da vida e alertou para a presença dessas ideologias e práticas, que podem retornar ao poder. “Porque se tem uma coisa muito importante que o neoliberalismo fez, faz e vai querer fazer é castrar a nossa capacidade’’, declarou. O mestre em Filosofia também ressaltou a importância de enfrentar esse desafio, promovendo a reconstrução do controle social, com esperança.
Roda de conversa evento de lançamento do livro dos 30 anos do CMS/POA
Foto: Reprodução/CMSPOA
Roda de conversa evento de lançamento do livro dos 30 anos do CMS/POA
Foto: Reprodução/CMSPOA
Quanto ao evento, Both reforçou o papel do CMS/POA na mobilização social e no envolvimento com os CLS. Ele realçou o trabalho do Conselho de Saúde de Porto Alegre como um exemplo de mobilização eficaz, destacando a experiência na promoção da participação popular na saúde. O coordenador do CEAP, a respeito das metodologias para ampliar e fortalecer os CLS, ressaltou o papel da educação popular: “Nesse processo de construção do SUS, a gente não precisa só saber das leis. É fundamental, além disso, discutir que país nós temos, para onde a gente quer ir, e como é possível construir saúde’’, destacou Both.
Ainda neste sentido, Both comentou sobre os relacionamentos que o CMS/POA tem conseguido estabelecer com instituições, centros de pesquisa e a população, ‘’Isso é muito valioso, é essencial’’, falou. Em relação ao livro, Both celebrou o processo de sistematização, reflexo das parcerias presentes no evento. “Acho que é um elemento importante para a gente não perder a capacidade de sonhar, de esperança, aliás, é um elemento necessário’’, relatou.
Texto: Gabriel Maciel
Supervisão: Katia Camargo
