Decisão desconectada

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Cezar Busatto*
Se um historiador analisasse daqui a poucos anos a recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral proibindo o uso do twitter para mensagens associadas à propaganda eleitoral, não deixaria de considerar essa uma atitude arcaica, desconectada de seu tempo.
De fato, as transformações sociais que as novas tecnologias da comunicação estão promovendo são de tamanha velocidade que as instituições públicas têm demonstrado dificuldade em acompanhá-las.
Só posso atribuir a isso à decisão do TSE, porque de resto seria inconcebível que um organismo responsável pela vigilância do cumprimento da legislação eleitoral num país democrático, pudesse causar tanto prejuízo ao aperfeiçoamento da própria democracia.
Para quem, como eu, tem acompanhado o uso crescente das novas tecnologias na política, tendo como paradigma mundialmente reconhecido a experiência de Obama, seja como candidato ou como presidente dos Estados Unidos, os resultados dessa inovação social tem sido inequivocamente a qualificação e a democratização da política.
De um lado, uma radical mudança para melhor na relação de proximidade, transparência e controle dos eleitores em relação aos candidatos e aos eleitos, o que qualifica campanhas e representação política. De outro, a possibilidade de buscar recursos a partir de pequenas contribuições dos próprios eleitores, que torna mais ético, acessível e democrático o financiamento da política e das campanhas eleitorais.
Além do mais, as novas mídias sociais, não só o twitter, como o facebook e as inúmeras plataformas colaborativas, são hoje meios de comunicação abertos que permitem a interação em tempo real e a baixo custo entre milhares de pessoas, não importa a distancia umas das outras, barateando e tornando acessível a qualquer cidadão participar ativamente da vida pública.
Controlar o twitter e outras mídias sociais, como pretende a decisão do TSE, tem se revelado mundo afora uma prática tão ineficaz quanto ameaçadora da liberdade de expressão. E mais, sinaliza no sentido de obstaculizar essa nova e democrática forma de fazer política, proporcionada pelas novas tecnologias. Uma decisão desconectada e que acaba causando grande prejuízo ao necessário aperfeiçoamento da vida democrática no país.
Espero que tal decisão seja revisada, para que nossas instituições públicas não sejam vistas como jurássicas pelas novas gerações.
 

*Secretário Municipal de Coordenação Política e Governança Local
18/03/2012