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De márcias e marias da penha

Ângela Kravczyk*
 
O assassinato da enfermeira da Secretaria Municipal da Saúde Márcia Calixto Carnetti e do filho, Matheus, é um crime que nos envergonha. Morta aos 39 anos – o garoto tinha seis –, Márcia foi supostamente vítima de um marido cujo comportamento há meses era determinado pelo ciúme e pelo sentimento de posse. No Brasil, a realidade de Márcia é compartilhada por milhões de outras mulheres. Somos o sétimo país em homicídios de mulheres, entre 84 nações pesquisadas pela Organização Mundial da Saúde. Mesmo com a Lei Maria da Penha, que agora completa seis anos e que resultou no aumento do número de denúncias contra a violência doméstica, os índices de agressão contra a mulher no Brasil continua entre os mais altos do mundo.
Dados do IBGE também evidenciam a gravidade da violência doméstica. Este tipo de crime é a maior causa de morte e invalidez entre mulheres com idade entre 16 e 44 anos. A cada dia, 11 outras márcias e marias da penha são assassinadas. A cada 15 segundos, pouco mais do que o tempo necessário para ler duas ou três linhas deste artigo, uma Márcia ou uma Maria da Penha é agredida no Brasil.
Márcia vivia há meses sob ameaças do próprio companheiro, na própria residência, sem conseguir romper com tal círculo de opressão e humilhação. A dificuldade para tanto não era exclusividade de Márcia. É um aspecto recorrente na maioria dos casos de violência doméstica. E foi um dos motivadores para que a Prefeitura de Porto Alegre promovesse a instituição do Centro de Referência e Atendimento à Mulher.
O objetivo do órgão é justamente o de dar atenção e ampara para márcias e marias da penha que buscam paz e segurança, que lutam para se livrar de homens que perderam a noção de civilidade, de respeito e de humanidade. Atendido por equipe multidisciplinar – com profissionais de Direito, de Assistência Social e de Saúde – e com atuação articulada com secretarias municipais, órgãos estaduais e federais e entidades de defesa da mulher, o Centro contempla tanto mulheres vítimas de violência quanto pessoas que tenham conhecimento de tal situação sem saber o que fazer.
Infelizmente, Márcia não teve chance de procurar o novo órgão, mas ainda nos resta a esperança de que possamos mudar o destino de outras márcias e de outras marias da penha.
 
* Titular da Coordenação Municipal da Mulher
01/08/12



              








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